Seria apenas desencontro, comunicação inadequada ou a vida é mesma cheia de certas nuances que não há teologia que dê conta do recado? A coisa parece ter acontecido mais ou menos assim...
Abrem-se as portas das Mansões Celestiais, à porta, Judas. Ainda consegue ver que a descrição que o ex-amigo de apostolado fizera estava certo: as ruas eram de ouro mesmo, as portas de pérola, e os muros de jaspe recém-incrustados!
Não ocorrera a Judas que aquele não era o seu lugar? Que batera na porta errada, mais uma vez?
JUDAS: (com outro delicado beijo) "Quanta beleza para um pobre tesoureiro arruinado. Agradeço a generosidade Cristã e tomo posse das Mansões como sempre sonhei! Minha Casa minha Vida!".
JESUS: "Aqui não, Judas! Teu lugar é bem mais embaixo! Você não entende de administração financeira e muito menos de geografia teológica. Se pelo menos tivesse feito algum uso adequado para com as 30 moedas de prata! Dado para alguma ONG evangélica em Jerusalém. Você, tirando uma de arrependido falso, vai e devolve? Que loucura! Cai fora!".
JUDAS: "Olha aí o filho do carpinteiro falando grosso!"
Judas percebeu que as palavras e o tom da voz, a lembrança desajeitada de coisas passadas, a pusilanimidade e o jeito desastrado de abordar uma questão séria, não casavam com o momento propício nem o avançado da hora.
Afinal, mentiroso que sempre fora, seria capaz de mentir em quatro fusos horários na terra, ao mesmo tempo, e sempre ao vivo! Mudaria de tática. E mandou ver. Indo direto ao assunto.