sexta-feira, 25 de agosto de 2017
TRECHO DO LIVRO: CRÔNICAS DE NÁRNIA – O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA
sexta-feira, agosto 25, 2017 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments
Os dois mais
velhos começavam a convencer-se de que Lúcia não estava em seu perfeito juízo.
Depois que a irmã foi dormir, ficaram os dois durante muito tempo no corredor,
falando baixinho sobre o caso.
O resultado
foi que resolveram contar tudo ao professor na manhã seguinte. – Ele escreverá
ao papai se achar que há realmente algo de errado com a Lu – disse Pedro. –
Isso está indo além da nossa alçada.
Então, eles
foram e bateram na porta do escritório e o professor disse: – Entrem –, e
ofereceu-lhes cadeiras e disse que estava às ordens.
Escutou-os
com toda a atenção, dedos cruzados, sem interrompê-los até o fim da história.
Depois, ficou calado bastante tempo. Tossiu para limpar a garganta. E disse a
coisa que eles menos podiam esperar:
– Como sabem
– perguntou ele – que a história que a sua irmã contou não é verdade?
– Oh, mas
acontece… – começou Susana; e parou por aí. Via-se pela cara do velho que ele
estava mesmo falando sério. Susana tomou coragem e disse:
– Mas
Edmundo confessou que eles estavam só fingindo.
– Ora, aí
está uma coisa – tornou o professor – que merece ser considerada, e com
muitíssima atenção. Por exemplo, se me perdoam a pergunta: qual deles, pela
experiência de vocês, é mais digno de crédito, o irmão ou a irmã? Isto é, quem
fala sempre a verdade?
– Isto é que
é gozado, professor – respondeu Pedro. – Até agora, eu só posso dizer que é a
Lúcia.
– E o que
acha você, minha querida? – disse, voltando-se para Susana.
– Bem, –
disse Susana – de uma maneira geral eu diria o mesmo que Pedro, mas aquela
história do bosque e do fauno não pode ser verdade.
– É o que a
gente nunca sabe – disse o professor. – Não se deve acusar de mentirosa uma
pessoa que sempre falou a verdade. Isso é mesmo uma coisa séria, muito séria.
– Mas o
nosso medo não é que seja mentira – replicou Susana. – Pensamos que poderia
haver algo de errado com a Lúcia.
– Acham que
ela está louca? – perguntou, calmamente, o professor. – Que é isso: basta olhar
para ela, ouvi-la um instante para ver que não está louca.
– Mas,
então… – disse Susana, e calou-se. Nunca tinha pensado que uma pessoa grande
falasse como o professor, e não sabia bem o que havia de pensar de tudo aquilo.
– Lógica! –
disse o professor para si mesmo. – Por que não ensinam mais lógica nessas
escolas? – E, dirigindo-se aos meninos, declarou: – Só há três possibilidades:
ou Lúcia está mentindo; ou está louca; ou está falando a verdade. Ora, vocês
sabem que ela não costuma mentir, e é evidente que não está louca. Por isso,
enquanto não houver provas em contrário, temos de admitir que está falando a
verdade.
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NOTA:
"Por que Susana e Pedro ficaram tão surpresos com a opinião do professor?
Por que você acha que o primeiro impulso deles foi não acreditar em Lúcia? Quando
na sua vida você teve dificuldade de conciliar a fé com a lógica?" ¹
Sobre fé e
lógica, C. S. Lewis popularizou o argumento de que Jesus ou era um mentiroso,
um lunático ou o próprio Deus encarnado. Dizia ele:
"Tento
aqui impedir que alguém diga a grande tolice que sempre dizem sobre Jesus
Cristo: “Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não
aceito a sua afirmação de ser Deus.” Isto é exatamente a única coisa que não
devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que
Jesus disse, não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo
grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa.
Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um
louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir
nele e matá-lo como a um demônio; ou pode cair aos seus pés e chamá-lo de
Senhor e Deus. Mas não vamos vir com aquela bobagem de que ele foi um grande
mestre aqui na terra. Ele não nos deixou esta opção em aberto e não quis
deixá-la. […] Agora, parece-me óbvio que Ele não era nem um lunático nem um
demônio, consequentemente, por mais estranho, assustador e inacreditável que
possa parecer, tenho que aceitar a ideia de que Ele era e é Deus.” ²
¹ Trecho retirado de Leituras Diárias das Crônicas de
Nárnia, C. S. Lewis
² Trecho do livro "Cristianismo Puro e Simples"
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