- Como já diziam os antigos: o ser humano nasce duas vezes, mas nunca morre. Nasce quando deixa o seio materno e se despede ( morre) daquele mundo aconchegante, entra num mundo maior, onde recebe outros companheiros de viagem : os pais, os irmãos, os parentes e os amigos, as estrelas, a comunidade de vida terrenal e a vasta Mãe-Terra. Ao morrer, despede-se desta imensa placenta cósmica e nasce para a eternidade. A morte não configura uma tragédia, mas uma benção : a possibilidade de uma nova vida, mais densa e realmente plena. O importante não é o que deixa atrás de si, mas o que recebe e o que se descortina diante de si. Morrer não significa perder a vida, mas ganhá-la mais perfeita e vigorosa.
* Leonardo Boff- A cruz nossa de cada dia, página15