ACÍDIA E CURIOSITAS? Que raio é isso?
Aqui abaixo repito com as minhas palavras o que o blog Historia Viva comenta sobre o tema. Reflitam, oh néscios!
Agostinho diz que a avidez dos gulosos não é de saciar-se, mas de comer e saborear. O mesmo se pode dizer da curiositas (concupiscência dos olhos), que gosta de ver sem o desejo de penetrar na verdade, mas só de se deixar levar pelo mundo, sem rumo, sem finalidade e, por fim, sem proveito.
Tomás de Aquino mostra que a curiositas é uma vagabundagem mental que leva à dissipação do espírito. Como assim? Vou explicar: a pessoa se torna vazia, nula, fútil, sem conteúdo. Essa pobreza de espírito a leva, necessariamente, ao colinho de outro mal: o sujeito cai na acídia. Ô desgraça!
E o que é acídia? Ah, isso também muitos de nós sabemos. Acídia é aquela tristeza modorrenta do coração, aquele tédio interior. É quando, mesmo inconscientemente, o sujeito não se julga capaz de ser tudo aquilo para o qual ele foi criado. Ou melhor: acha que não tem como desfrutar de todas as suas possibilidades como ser humano. A pessoa se sente condenada à nulidade, incapaz de um feito importante. Essa modorra (essa palavra é boa!) tem cara fúnebre e cria um ciclo vicioso: a vagabundagem dos olhos leva a um profundo tédio interior e à ânsia desesperada por diversão (justamente para fugir do vazio). A diversão só socorre o sujeito por um pouco de tempo; aí ele cai na modorra de novo. Muitos acabam lançando mão do uso de drogas, para aliviar-se da secura interior.
A vagabundagem visual/mental é um repúdio às próprias possibilidades do ser. É se conformar com a mediocridade.
A acídia manifesta-se assim, diz São Tomás de Aquino:
1) Primeiro vem a "dissipação do espírito" (dispersão, diluição. O mundo não está cheio de gentinha rala, sem conteúdo, que só fala abobrinha? Pois é.)
2) A 'dissipação do espírito' manifesta-se, por sua vez, na tagarelice, na vontade indomável de distrair-se ("sair da torre do espírito e derramar-se no variado"), numa irrequietação interior, na insatisfação insaciável da curiositas.
Uma vida inteiramente vivida é o que todo mundo quer. Mas a pessoa que se abandona à curiositas não tem realmente vida, apenas é levado pelo vento. Então seu destino é ir mendigando pela existência para ver se consegue ter a sensação de que goza uma vida intensa, quando na verdade nem sabe o que é isso.
Não é assim mesmo que acontece? E não é sábio entender que evitar a "concupiscência dos olhos" não é um favor que se faz à religião, mas a si mesmo?
As crianças evitam o mal por obediência ou medo;
O ser adulto o evita por entender o que ele realmente significa; Os tolos simplesmente não o evitam.
Estação do Caminho da Graça em Belém