Quando olho para Jesus e o reconheço intimamente como alguém a ser seguido, como um modelo perfeito de homem, como um exemplo perfeito de conduta, sinto-me feliz e, ao mesmo tempo, assustado... Feliz, porque na esfera da conduta, não há nada que Jesus tenha feito que eu não possa imitá-lo. Ao mesmo tempo, é justamente a simplicidade das coisas que ele faz que torna as coisas tão assustadoras. Não estou falando de quando ele multiplica os pães, ou de quando ele anda sobre as águas, ou de quando ele transforma água em vinho. Bem sei que poderia fazer estas coisas, caso ele me colocasse em situações onde as tais fossem necessárias e me concedesse temporariamente o poder de ir além das leis da física. Não, não são estas coisas, porque não foi para estas coisas que ele me chamou.
Sinto-o chamando-me para coisas simples, fisicamente fáceis de serem realizadas, todas elas direcionadas às pessoas desta geração, as de perto e as de longe. O que é assustador pra mim é que a transição da inércia para a realização desse chamado é uma barreira quase inexpugnável. Nos momentos de desespero, chego a pensar que jamais farei o que tanto almejo fazer, na ânsia de seguir os passos do meu Senhor.
Por exemplo, quando no caminho Jesus encontra-se com um leproso e este lhe clama por cura, Jesus vai além de uma tranferência automática de poder para a cura. Contrariamente ao cuidado que se deve ter quanto ao contato com a lepra, devidamente estabelecido pela Lei, ele se inclina ao leproso e o toca. Já me pus no lugar desse leproso diversas vezes e cada vez que o faço considero que a virtude/amor de Jesus que se instalou no coração desse miserável homem foi mais marcante que os bons efeitos da ausência de lepra no corpo. (Escolhi este caso do leproso por ser o mais representativo exemplo do amor que está acima das convenções sociais e dos riscos pessoais).
Sei e creio que o Senhor pode usar-me, quando quiser, para remover a lepra de alguém, algum dia. Mas a questão que tanto me atormenta é: considerando o "andar da carruagem" da minha vida, quando estarei junto ao leproso (um represente de todos os seres que sofrem), para que tal milagre possa acontecer? Ou seja, antes que a virtude de Jesus alcance as feridas através da minha súplica, primeiramente devo estar junto a um indivíduo com tal enfermidade, quem sabe, antes, tratando-lhe as feridas da alma ministrando-lhe um pouquinho do amor de Deus que há em mim!
Mas antes de chegar a tal situação, há tantas barreiras! O preconceito, o medo de se contaminar, a conveniência de não fazê-lo, a preguiça, as boas coisas deste mundo! Ao escrever este email, consigo enxergar que todas estas coisas são desculpas para a minha negligência, e elas assumem uma dimensão pequena comparado à aventura de se mergulhar na perfeita vontade de Deus. Mas quando considero a possibilidade de fazer, na real, uma aproximação com aqueles que sofrem, estas desculpas tornam-se "preocupações razoáveis" e se agigantam diante de mim afundando-me em um estado de inércia paralisante! Desgraçado homem que sou! Como gostaria de estar livre de tais embaraços! Estando eu rodeado de tão grande nuvem de testemunhas, sinto-me como um corredor fisicamente bem preparado para a corrida, mas sem o ímpeto/explosão que me faz sair em disparada rumo à linha de chegado, onde uma coroa de glória me aguarda.
O que me resta, senão clamar pelo dunamis de Deus, pela presença arrebatadora do Espírito de Cristo em mim, despedaçando todas os grilhões, que tão poderosamente tem me mantido paralisado! Oh, Senhor Jesus, sonda a sinceridade do meu coração, a legitimidade de meu pedido e o desejo da minha alma de ser livre das algemas deste mundo, para poder viver a mais arrebatadora experiência de um ser humano sobre esta terra, que é viver, pela fé, uma vida de serviço de amor aos filhos de Deus espalhados em todo o mundo!
Obrigado por acompanhar-me nesta rápida reflexão/oração. Desejo-lhe todo o bem do Evangelho sobre a sua vida!
Rubens Júnior
Estação do Caminho da Graça em Salvador - Região Iguatemi
Blog: http://www.caminhodagracaiguatemi.blogspot.com/
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