Jesus disse, “Perdoe, e você será perdoado;
tenha misericórdia, e você receberá misericórdia”.
O principio operativo é que perdão É perdão; assim como misericórdia É
misericórdia.
Seu perdão ao próximo é o seu próprio perdão. O perdão que você dá é o perdão
que você recebe.
Assim, se você sinceramente ousar perdoar seus próprios inimigos, você pode
ousar receber todo perdão, pois é a mesma coisa.
“Perdoa-nos nossas dívidas ‘assim como’ nós
perdoamos os nossos devedores”.
Quem sinceramente souber que todos precisam de perdão assim como ele mesmo,
perdoa até setenta vezes sete vezes o irmão que lhe pedir perdão no mesmo dia.
Esta é a única receita, também, contra a
hipocrisia.
O duro é ouvir “perdoa-nos ‘assim como’ nós
perdoamos”.
A medida do julgamento que eu sofro é do tamanho do
meu próprio rigor no julgamento que eu faço dos outros.
Todavia,
o tamanho do perdão que recebo é também do tamanho do perdão que ofereço.
Assim,
se há alguém que a todos perdoe e a ninguém julgue ou fixe julgamento, esse
pode andar em paz, mesmo no abismo.
É
uma ilusão pensar que podemos estar em paz com os céus enquanto o nosso coração
não perdoa o próximo. Nunca haverá paz em tal coração.
Precisamos
saber que assim como o céu é refletido no espelho da água, assim, também, o Céu
refletirá o cenário do coração.
O
principio é horrivelmente simples, e a resposta está na questão:
Não
seria isto uma contradição você acreditar em perdão se você não perdoa? Por
que, como pode você, de verdade, acreditar em perdão, se a sua existência é uma
total refutação da existência de perdão?
Assim,
acusar alguém diante de Deus, de fato, significa acusar a mim mesmo.
Eu
não tenho comigo o engano de que posso “abrir um caso” contra o meu próximo
diante de Deus, e não esperar que o caso seja voltado contra mim.
No
Caminho que Jesus ensinou o inimigo é um “ser-sagrado”, pois é na minha relação
com ele que estou construindo minha relação com Deus como uma pessoa perdoada
ou culpada.
Não
se engane. Deus não está ao meu lado se meu coração guarda ódio e rancor. Não é
possível ter qualquer relação com Deus onde a Graça que eu recebo não seja
também Graça com cara de perdão que se esparrama pelo chão da terra.
O
que Jesus ensina é que se eu peço a Deus que julgue alguém porque eu julgo esse
alguém digno de julgamento, eu estou é pedindo a Deus que julgue a mim.
No
entanto, eu sei que quando me recuso a trazer acusação a quem quer que seja na
presença de Deus, em minha consciência, posso também saber que a misericórdia
de Deus estará sobre mim.
Seria
isto uma virtude humana, uma salvação pela virtude do perdão humano?
Sim,
é pela virtude do perdão, não do meu, e nem do nenhum de nós; mas é fruto da
consciência em fé, que crê na misericórdia de Deus, por isto, expressa sua fé
pelas suas manifestações de graça; visto que, em assim fazendo, apenas confessa
com a vida, para o mundo, aquilo que ele crê que Deus é: amor e amor, para ele
mesmo.
“Aquele a quem muito se perdoa; esse muito ama”—disse Jesus.
Não
há nenhuma virtude humana em que perdão É perdão; pois a Graça só abunda onde a
consciência de dívida se estabeleceu como insolúvel.
Então,
quem pratica a Graça para com o próximo, o faz pela fé; pois que outra garantia
ele teria de que seria e será perdoado senão sua confiança na Graça de Deus?
No
Evangelho a fé sem obras é morta; e também é pelas obras que se manifesta a fé;
embora, também no Evangelho, a grande obra da fé seja perdoar porque confessa
assim a si mesmo diante de Deus.
Todavia,
essa percepção já é pura revelação da Graça.
Assim,
eu só consigo perdoar porque já estou de antemão convencido acerca do perdão de
Deus dado a mim. Eu só consigo perdoar se creio que Ele me deu perdão primeiro.
Pois minha relação com Deus é um encontro no qual eu preciso de perdão todos
dias, e confesso minha fé no perdão de Deus quando perdôo o meu próximo,
melhormente o inimigo.
Caio
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