sua ortodoxia, atribuindo-se a posse exclusiva da verdade. O conceito de uma Igreja única foi consequência do fato de que cada um de seus participantes, em desacordo, declarando ser o outro cismático, reconheceu como infalível apenas sua própria Igreja.
Se conhecemos a existência de uma Igreja que no ano de 51 decidiu admitir os não circuncidados, é porque havia outra, de judaizantes, que havia decidido não admiti-los. (...) Assim, essa Igreja única não é senão uma palavra ilusória, sem qualquer realidade.
Por mais que nos possa parecer estranho, a nós que fomos educados (...) no desprezo pela heresia, o fato é que apenas nos que foi chamado de heresia houve o verdadeiro movimento, isto é, o verdadeiro cristianismo, que só deixou de ser assim quando essas heresias interromperam seu movimento e tornaram-se imóveis na forma fixa de uma Igreja.
Igrejas, enquanto Igrejas, como sociedades afirmadoras de sua infalibilidade, são instituições anti-cristãs. Não só nada existe em comum entre as Igrejas e o cristianismo, exceto o nome, como seus princípios são absolutamente opostos e hostis. As primeiras representam o orgulho, a violência, a sanção arbitrária, a imobilidade e a morte; o segundo representa a humildade, a penitência, a submissão, o movimento e a vida.
Tolstoi, no seu livro "O Reino de Deus Está em Nós"
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