----- Original Message -----
From: DEUS NÃO EXISTE!
To:
contato@caiofabio.net
Subject: FALE COMIGO.......... Revelação
ou a Essência?
---------------------------------
Pr. Caio,
Nos últimos dias tenho lido alguns autores
diferentes, pois muito me interessei pelo assunto do Teísmo aberto, e ao ler
alguns escritos de Paul Tillich, algumas afirmações dele me fizeram refletir e
repensar boa parte da ortodoxia na qual sempre cri, ao longo dos meus anos como
Cristão.
Li algo. Mas como estava em um Comentário, e por eu
não conhecer o contexto da afirmação, resolvi procurar ajuda para entendê-la.
Esta foi a afirmação:
"God does not exist. He is being itself beyond
essence and existence. Therefore to argue that God exists is to deny him."
Obrigado pastor.
Ps: escrevi outras dúvidas em outra carta sobre
Criacionismo, mas nem sei se você a recebeu.
Oliver Kleim
__________________________
Resposta:
Meu amado Oliver: Graça e Paz!
É claro que a frase diz o que é!
Deus não existe. Ele é Ele mesmo pra além de toda
essência e existência. Portanto, argüir acerca da existência de Deus é o mesmo
que negá-Lo.
Deus não
existe. Ele é. Eu existo. Pois existir não é algo que seja pertinente ao que É.
Existir é o que se deriva do que sendo, É de si e por si mesmo.
Deus não
existe. O que existe tem começo. Deus nunca começou. Deus nunca surgiu. Nunca
houve algo dentro do que Deus tenha aparecido.
Deus não
existe. Se Deus existisse, Ele não seria Deus, mas apenas um ser na existência.
Se Deus
existisse, Ele teria que ter aparecido dentro de algo, de alguma coisa, e,
portanto, essa coisa dentro da qual Deus teria surgido, seria a Coisa-Deus de
deus.
Existem apenas
as coisas que antes não existiam. Existir surge da não existência. Deus, porém,
nunca existiu, pois Ele é.
Sim, dizer que
Deus existe no sentido de que Ele é alguém a ser afirmado como existente, é a
própria negação de Deus. Pois, se alguém diz que Deus existe, por tal
afirmação, afirma Deus, e, por tal razão, o nega; posto que Deus não tem que
ser afirmado, mas apenas crido.
Deus É, e,
portanto, não existe. Existe o Cosmos. Existem as galáxias. Existem todos os
entes energéticos. Existem anjos. Existem animais e toda sorte de vida e anima
vivente. Existem vegetais, peixes, e organismos de toda sorte. Existem as
partículas atômicas e as subatômicas. Existe o homem. Etc. Mas Deus não existe.
Posto que se Deus existisse dentro da Existência, Ele seria parte dela, e não o
Seu Criador.
Um Criador que
existisse em Algo, seria apenas um engenheiro Universal e um mestre de obras
cósmico. Nada, além disso. Com muito poder. Porém, nada além de um Zeus Maior.
Assim, quando
se diz que Deus está morto, não se diz blasfêmia quando se o diz com a
consciência acima expressa por mim; pois, nesse caso, quem morreu não foi Deus,
mas o “Deus existente” criado pelos homens. Tal Deus morreu como conceito.
Entretanto, tal Deus nunca morreu De Fato, pois, como fato, nunca existiu —
exceto na mente de seus criadores.
Assim, o
exercício teológico, seja ele qual for, quando tenta estudar Deus e explicar
Deus, tratando-o como existente, o nega; posto que diz que Deus existe, fazendo
Dele um algo, um ente, uma criatura de nada e nem ninguém, mas que também veio
a existir dentro de Algo que pré-existia a Ele, e, portanto, trata-se de Algo -
Deus sobre o tal Deus que existe.
A Escritura
não oferece argumentos acerca da existência de Deus. Jesus tampouco tentou
qualquer coisa do gênero. Tanto Jesus quanto a Escritura apenas afirmam a fé em
Deus, e tal afirmação é do homem e para o homem — não para Deus —; pois se
fosse para Deus, o homem seria o Deus de Deus, posto a existência de Deus
dependeria da afirmação e do reconhecimento humano. Tal Deus nem é e nem
existe; exceto na mente de seus criadores.
Deus não
existe. O que existe pertence ao mundo das coisas que existem OU não existem.
Deus, porém, não pertence a nada, e, em relação a Ele, nada é relação.
Defender a
existência de Deus é ridículo. Sim, tal defesa apenas põe Deus entre os objetos
de estudo. Por isto, dizer: “Deus existe e eu provo” — é não só estupidez e
burrice; mas é, sem que se o queira, parte da profissão de fé que nega Deus;
pois se tal Deus existe, e alguém prova isto, aquele que apresenta a prova, faz
a si mesmo alguém de quem Deus depende pra existir... e ou ser.
O que
“existe”, pertence à categoria das que coisas que são porque estão. Deus,
porém, não está; posto que Ele É.
Ser e estar
não são a mesma coisa, como o são na língua inglesa. O que existe pertence ao
que é apenas porque está. Deus, entretanto, não está porque Ele É.
“E quem direi
que me enviou?” — perguntou Moisés. “Dize-lhes: Eu sou me enviou a vós outros!”
— disse Ele.
Desse modo,
Deus não diz “Eu Estou”, mas sim “Eu Sou”. Ora, um Deus que está, não é, mas
passou a ser. Porém o Deus que É, mas não está; não pertence ao mundo das
coisas verificáveis; posto que Aquele que É, não está; pois se estivesse, seria
—, mas não Seria Aquele de Quem procedem todas as existências, sendo Ele apenas
um ele, e não Ele; e, por tal razão, fazendo parte das coisas que existem — mas
sem poder dizer Eu Sou!
Jesus também
falou da sutileza do ser em relação ao estar. Quando indagado acerca da
ressurreição pelos saduceus (que não criam em nada que não fosse tangível), Ele
respondeu: “Não lestes o que está escrito? Eu sou o Deus de Abraão, eu sou o
Deus de Isaque, eu sou o Deus de Jacó. Portanto, Ele é Deus de vivos, e não de
mortos; pois para Ele todos vivem”. Assim, os que vivem para sempre são os que
são em Deus, e não os que estão existindo. A vida eterna não é existir pra
sempre, mas ser em Deus.
Assim, para
viver eternamente eu tenho que entrar na dissolvência da existência, a fim de
poder mergulhar naquilo que está pra além do que existe; posto que É.
A morte
pertence à existência. A vida, porém, se vincula ao que não existe, pois, de
fato É.
O que existe
carrega vida, mas não é vida. A vida, paradoxalmente, não pertence ao que é existente,
mas sim ao que É.
Quando falo de
vida, refiro-me não às cadeias de natureza biológica que constituem a vida
dentro da existência. Mas, ao contrario, ao falar em vida, refiro-me ao que é
para além da existência constatável.
Portanto, Paul
Tillich tem razão quando diz: “God does not exist. He is being itself beyond essence and existence.
Therefore to argue that God exists is to deny him”.
Ora,
usando uma gíria de hoje, eu diria: Tillich tem razão quando diz: “Deus não
existe!” — pois é isto que hoje se diz quando algo está pra além da existência:
“Meu Deus! Esse cara não existe!”. Assim é com Deus: Não existe! Pois é
de-mais!
Um beijo pra você!
Ame-o, e nunca o deixe!
Nele, que não existe, pois É,
Caio
quinta-feira, 20 de março de 2014
CARTA: DEUS NÃO EXISTE!
quinta-feira, março 20, 2014 Posted by: Caminho em Big Field., 1 comments
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
Eu questionei muito a existência de Deus. Mas não consigo compreender sua existência. Deus é!
Postar um comentário