quinta-feira, 31 de julho de 2014

O Deus Jardineiro

quinta-feira, julho 31, 2014 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments

Por Rubem Alves


Um amigo me disse que o poeta Mallarmé tinha o sonho de escrever um poema de uma palavra só. Ele buscava uma única palavra que contivesse o mundo. T.S. Eliot no seu poema O Rochedo tem um verso que diz que temos “conhecimento de palavras e ignorância da Palavra”. A poesia é uma busca da Palavra essencial, a mais profunda, aquela da qual nasce o universo. Eu acho que Deus, ao criar o universo, pensava numa única palavra: Jardim! Jardim é a imagem de beleza, harmonia, amor, felicidade. Se me fosse dado dizer uma última palavra, uma única palavra, Jardim seria a palavra que eu diria.”

Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim. Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de terra para existir. Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho. Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora. Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma… Mas os sonhos, sendo coisas belas, são coisas fracas. Sozinhos, eles nada podem fazer: pássaros sem asas… São como as canções, que nada são até que alguém as cante; como as sementes, dentro dos pacotinhos, à espera de alguém que as liberte e as plante na terra. Os sonhos viviam dentro de mim. Eram posse minha. Mas a terra não me pertencia.

O terreno ficava ao lado da minha casa, apertada, sem espaço, entre muros. Era baldio, cheio de lixo, mato, espinhos, garrafas quebradas, latas enferrujadas, lugar onde moravam assustadoras ratazanas que, vez por outra, nos visitavam. Quando o sonho apertava eu encostava a escada no muro e ficava espiando.

Eu não acreditava que meu sonho pudesse ser realizado. E até andei procurando uma outra casa para onde me mudar, pois constava que outros tinham planos diferentes para aquele terreno onde viviam os meus sonhos. E se o sonho dos outros se realizasse, eu ficaria como pássaro engaiolado, espremido entre dois muros, condenado à infelicidade.

Mas um dia o inesperado aconteceu.


terça-feira, 22 de julho de 2014

Humor: O Papagaio Crente

terça-feira, julho 22, 2014 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments

- Pastor, boa noite
- Oi mana!
- Estou constrangida, mas vou falar
- Sei...
- O sr. crê em possessão de animais?
- Não mana
- E os porcos que ficaram endemoninhados e caíram no precipício?
- Acredito que a linguagem é figurada
- Como assim?
- Porco para o judeu é a representação da imundice e abismo é a existência projetada para o caos... Não posso afirmar que não aconteceu, mas interpreto desta forma.
- O meu papagaio está endemoninhado pastor
- Verdade mana?
- Sim.
- Por que você acha isso?
- Ele fica falando palavrão o dia todo e, quando repreendo em nome de Jesus, fica dando gargalhadas horríveis


quinta-feira, 17 de julho de 2014

Um texto que dá uma ideia da direção a seguir, baseada na tradição da qual fazemos parte.

quinta-feira, julho 17, 2014 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments

Assim, mais ou menos, expressa Rohr:


A chave para entrar na nova ordem social descrita por Jesus nunca é nossa dignidade, mas sempre graça de Deus. Todos nós somos salvos pela misericórdia divina e não pelo desempenho de que somos capazes. Qualquer tentativa de medir ou aumentar nossa dignidade estará sempre aquém, ou nos forçará à posição de negação e pretensão, que produz hipocrisia e violência - para nós e para os outros.


Mudar para uma "economia da graça " deixando de lado nossa habitual "economia de mérito" é muito difícil para os seres humanos... muito difícil. Nós, naturalmente, baseamos quase tudo na cultura humana em realizações, desempenho, feitos, pagamentos, valor de troca, aparência ou merecimento de algum tipo - o que pode ser chamado de "meritocracia" (o reinado do mérito ). A menos que nós experimentemos um rompimento dramático e pessoal do costume e regras acordadas baseadas no mérito, será quase impossível não acreditar ou operar fora de sua rígida lógica. Isso não pode acontecer teoricamente ou abstratamente, ou de alguma forma "lá fora". Isso precisa acontecer comigo!


A nossa palavra para a quebra dramática desta regra inflexível é a graça. A graça é a magnífica "queda da bastilha" que Deus pode fazer acontecer com nossas prisões auto-impostas, a única maneira pela qual a economia de Deus pode triunfar sobre o nosso sistema de mérito fortemente internalizado e impresso nas nossas vidas. Graça é a chave secreta, imerecida, pela qual Deus, o serralheiro Divino das barras de ferro de todas as vidas e para toda a história, que nos liberta. (Veja Romanos 11:06 , Efésios 2:7-10 ).


A vida, quando vivida plenamente, tende a nos dar instrumentos e a reequipar-nos, até que , eventualmente, descubramos uma misericórdia que preenche todas as lacunas necessárias para a nossa sobrevivência e sanidade. Sem graça, tudo que for humano declina e se transforma em pequenez, dor e culpa.






Texto de Richard Rohr, adaptado por Claudio Oliver.



Adaptado de Dancing Standing Still: Healing the World from a Place of Prayer,
pp. 42-43


sexta-feira, 11 de julho de 2014

É triste que já estejam com o saco cheio dessa história de criança africana morrendo de abusos mil...

sexta-feira, julho 11, 2014 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments


É triste quando pedem para que não falemos mais no assunto...

Confesso que fico triste quando ouço alguém dizer "Pois é, é feio essa coisa, mas essa feiúra acontece aqui e em todo lugar" como uma desculpa para nada fazer, como todas as desculpas são, covardes, feita a do Intérprete da Lei "Quem é meu próximo?", apenas como pergunta-desculpa para não re-conhecer os próximos na caminhada da vida.

É triste quando acham que entupimos o Facebook disso porque é um bom assunto e não por causa das crianças que precisam de socorro. E triste quando desvalorizam o que é feito por não estar sendo feito pela agência preferida e mais triste ainda quando não estendem a mão porque não é da denominação e podem se complicar por se envolver com gente que consideram tão equivocadas em seus modos de agir e crer, como quem diz: quem não é por nós, bom, melhor manter distância destes.

É triste quando dizem que é preciso resgatar as crianças à nossa volta antes, como se resgatassem, como se a casa deles estivesse cheia de filhinhos adotivos sendo tratados com carinho ou como se estivessem nas lutas por direitos de pequenos ao redor deles, a começar pelos de suas próprias casas. Como se não soubessem que estamos fazendo isso com muita força, que não seríamos loucos de cruzar o oceano sem que aqui tivesse sendo feita alguma coisa há tempos. Como se a criança de lá fosse obrigada também a esperar por socorro, como quem diz: "Calma aí, negrinho, estamos dando prioridade às recomendações dos adultos de cá... Lute para não morrer enquanto nos espera. Para que não falem que nós cuidamos de vocês sem cuidar das nossas e nos queimem o filme". Não! Isso é absurdo.

É triste tantos voluntários de momento. De fotos e vídeos, que escrevem entusiasmados para fazer parte de tudo antes de conhecer os desafios propostos. Quantos e-mails que chegam aos montes com currículos e tudo o mais, mas que se escondem quando ouvem dos perigos, da grana ou quando se pede para que ajudem em eventos simples, na arrecadação de alimentos, em ligações, coisas do dia-a-dia sem as quais nada é possível, mas destas não se filma ou tira foto. É um voluntariado invisível. E por ser, pulam do barco.

É triste que você ao ler sobre a indiferença de muitos, não reflita em si mesmo e diga que isso acontece por ser no país do futebol, culpa da Copa, do governo, da igreja, de Deus, do diabo, da divisão de classes, do comunismo que assolou a terra, do capitalismo que ferrou a todos, da falta de educação, da religião, do inferno, da mãe Joana, como quem, apesar dessas coisas todas, não compra a briga para si. Não deixa o discurso de lado para pôr a cara na frente da bala. Encontra desculpas para não encontrar-se. Apesar de reconhecer o mal no mundo, não luta para combatê-lo nas trincheiras do viver à sua volta, com o que pode, como pode. Triste idealista das palavras.

É tudo muito triste.

Mas a gente vence a tristeza, fabricando esperanças."

Gito.
Há 07 dias de embarcar para a Nigéria.


quinta-feira, 3 de julho de 2014

NÃO VENHA PRO CAMINHO COM ESPÍRITO DE FARISEU:FILHO DE ZEUS!

quinta-feira, julho 03, 2014 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments

Há muita “igreja Evangélica” disponível e para todos os gostos; exceto para quem tem bom gosto e deseja sentir o simples gosto do Evangelho.

Portanto, fica aqui um pedido: quem for ou tiver sido “evangélico”, ou tiver tido “trauma evangélico” e tenha ficado amargurado, crítico, desconfiado, e cínico, não procure o “Caminho da Graça”; pois, não temos tempo a perder com gente que deseja “Reformar o Sinédrio Evangélico” e pensa que esta é nossa intenção; e não é.

“Reformar o Sinédrio Evangélico” é sonho de fariseu; sonho esse que Jesus nunca sonhou; por isto mesmo nada fez a respeito!

Tenho dito que é mais fácil haver uma “reforma na igreja católica”, em razão de sua centralização e identificabilidade histórica, do que entre os “amorfos-evangélicos”, que são como uma Hidra de muitas cabeças-loucas; e que sofrem da Síndrome de Babel: não falam em “outras línguas as grandezas de Deus” (Pentecoste), mas sim “suas próprias línguas”; e é apenas para expressar seu descontentamento essencial com a vida e com tudo. Esses falam a “língua” que Tiago disse que está “inflamada pelo inferno” e que tem o poder de “destruir toda a carreira de um ser humano”; sem falar que de tais “línguas ambíguas”, tanto jorra o que é “doce” (como média; na minha presença), como também o que é “amargoso” (sempre na minha ausência).

Por esta razão, a esses eu digo: “Amigos! Obrigado pela sua ajuda, mas eu passo...”


Vem e vê!

quinta-feira, julho 03, 2014 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments