É triste quando pedem para que não falemos mais no assunto...
Confesso que fico triste quando ouço alguém dizer "Pois é, é feio essa coisa, mas essa feiúra acontece aqui e em todo lugar" como uma desculpa para nada fazer, como todas as desculpas são, covardes, feita a do Intérprete da Lei "Quem é meu próximo?", apenas como pergunta-desculpa para não re-conhecer os próximos na caminhada da vida.
É triste quando acham que entupimos o Facebook disso porque é um bom assunto e não por causa das crianças que precisam de socorro. E triste quando desvalorizam o que é feito por não estar sendo feito pela agência preferida e mais triste ainda quando não estendem a mão porque não é da denominação e podem se complicar por se envolver com gente que consideram tão equivocadas em seus modos de agir e crer, como quem diz: quem não é por nós, bom, melhor manter distância destes.
É triste quando dizem que é preciso resgatar as crianças à nossa volta antes, como se resgatassem, como se a casa deles estivesse cheia de filhinhos adotivos sendo tratados com carinho ou como se estivessem nas lutas por direitos de pequenos ao redor deles, a começar pelos de suas próprias casas. Como se não soubessem que estamos fazendo isso com muita força, que não seríamos loucos de cruzar o oceano sem que aqui tivesse sendo feita alguma coisa há tempos. Como se a criança de lá fosse obrigada também a esperar por socorro, como quem diz: "Calma aí, negrinho, estamos dando prioridade às recomendações dos adultos de cá... Lute para não morrer enquanto nos espera. Para que não falem que nós cuidamos de vocês sem cuidar das nossas e nos queimem o filme". Não! Isso é absurdo.
É triste tantos voluntários de momento. De fotos e vídeos, que escrevem entusiasmados para fazer parte de tudo antes de conhecer os desafios propostos. Quantos e-mails que chegam aos montes com currículos e tudo o mais, mas que se escondem quando ouvem dos perigos, da grana ou quando se pede para que ajudem em eventos simples, na arrecadação de alimentos, em ligações, coisas do dia-a-dia sem as quais nada é possível, mas destas não se filma ou tira foto. É um voluntariado invisível. E por ser, pulam do barco.
É triste que você ao ler sobre a indiferença de muitos, não reflita em si mesmo e diga que isso acontece por ser no país do futebol, culpa da Copa, do governo, da igreja, de Deus, do diabo, da divisão de classes, do comunismo que assolou a terra, do capitalismo que ferrou a todos, da falta de educação, da religião, do inferno, da mãe Joana, como quem, apesar dessas coisas todas, não compra a briga para si. Não deixa o discurso de lado para pôr a cara na frente da bala. Encontra desculpas para não encontrar-se. Apesar de reconhecer o mal no mundo, não luta para combatê-lo nas trincheiras do viver à sua volta, com o que pode, como pode. Triste idealista das palavras.
É tudo muito triste.
Mas a gente vence a tristeza, fabricando esperanças."
Gito.
Há 07 dias de embarcar para a Nigéria.
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