Primeiro haviam as águas, numa terra ainda sem forma e vazia. Depois houveram os luminares. É o que o Gênesis bíblico narra com linguagem mítica, poética e singelamente simples, sem qualquer pretensão jornalística ou cientifica-acadêmica.
Deus trabalha assim. Com processos naturais. Como um grande maestro-tapeceiro sutil. E trabalha também com uma chocante e objetiva intervenção, como aconteceu na encarnação, em Cristo.
De uma forma ou de outra, ele é o Verbo. O que fala e tudo se faz. Esse verbo estava no princípio de tudo - conforme testemunho de João no seu Evangelho - e hoje - testemunhava João - habitou entre nós. E vimos sua glória. Glória como do Unigênito do... Criador? Não. Do Pai!
O Pai que com sua Palavra faz haver uma massa sem forma e ainda vazia. A Terra antiga. E depois envia de fora dela, elementos reagentes que produzirão o Big Bang da vida planetária.
O mesmo milagre que acontece todos os dias, diante dos nossos olhos, tão chocante quanto a manifestação de Jesus. Em todo ventre feminino que gera uma vida dentro de si. Primeiro um óvulo, uma massa sem forma e vazia. Depois, um elemento reagente vindo de fora, um espermatozoide. E... bum! O milagre acontece.
Dali a nove meses, vem a luz! E houve Luz! Eu, você. Mas ainda sem muita consciência das coisas. A próxima "Luz" e o próximo Gênesis experimentamos mais tarde, quando a luz começa a nascer na nossa consciência. Tomamos consciência do mundo, das coisas, das relações... E ainda num terceiro processo, todo homem pode experimentar um outro Gênesis muito mais sublime. Jesus falou sobre isso ao mestre e ancião Nicodemos: "Necessário é nascer de novo pra que alguém possa ver o Reino de Deus. Não se surpreenda de eu te dizer isso".
Nicodemos pergunta ironicamente: "Vou voltar pro ventre de minha mãe? ".