Poema: O verbo se fez Esperança

Pousa, esperança, feito pólen,

fertiliza todo sonho com santa simplicidade.

E perceberei a luta como divina ordem.

Molha, esperança, feito sereno,

respinga utopia em toda senda solitária.

Floresce tua semente e torna meu coração em terreno.

Brota, esperança, feito suor dos fracos,

transforma toda teimosia em virtude.

Sacode meus medos e cria gestos heróicos.

Resplandece, esperança, feito o sorriso da viúva,

transforma minha dor em canção que adormece o órfão.

Beberei teu viço como seiva da uva.

Ressoa, esperança, feito o sussuro de Abel,

permanece como seu sangue que ensopou o chão.

E vencerei antes que assalte o cruel.

Renasce, esperança, feito o sol da ressurreição,

dissipa a neblina perversa da traição.

Ao pé de mim justiça e paz se beijarão.

Ricardo Gondim