quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Uma nova roupagem para a fabula do beija-flor de Betinho.

quarta-feira, agosto 10, 2011 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments




Conta-se uma lenda de um grande incêndio na floresta. Essa floresta servia de lar para
milhares de animais, aves e insetos. Quando o incêndio começou, os animais começaram a fugir, cada um preocupado com sua própria vida. Por mais que os macacos gostassem de ficar cada um no seu galho, neste momento queriam estar bem longe dali.


– Macaco faz ‘macaquice’ mais não é louco. Só um animal muito doido ficaria por lá.
De fato, a vaca louca ficou por achar ser fogo.

As galinhas não queriam ser galinha-assada, queriam ser achadas bem longe dali. Uma delas até se lembrou de uma visitinha feita à cidade grande, quando pela primeira vez, assistiu à televisão. Por mais que os cachorros achassem o filme maravilhoso, ela o achava assustador, e ficou dias sem dormir com aquelas imagens chocantes rodando e rodando.

A galinha gritava:

- Popóóóóó! (Cada um por si e Deus por todos!)

Todos corriam em disparada. Quer dizer, nem todos. O Beija-flor ficou. Esse pássaro, amante da natureza, não queria ver aquele lugar extinto; e correu em direção ao riacho, (eu sei, pássaro não corre, voa) colocou a maior quantidade de água que seu bico poderia carregar e voltou à ‘floresta sitiada’. Lá disparou um jato d’água em direção ao fogo.


– A quantidade de água em mililitros não sei ao certo. O certo que evaporou antes mesmo de chegar ao fogo.

O Beija-flor sabia que o Sabiá sabia assobiar, mas a essa hora estava longe, não poderia ajudar. Voltou ao riacho às pressas e as rejas retornava ao fogo. Prosseguiu muitas vezes esse ritual.

Ida ao riacho, volta ao incêndio.

Volta ao riacho, ida ao incêndio.

Nesse momento, (creio eu) devem ter vindo em flash-back, lembranças de dias felizes. Dias voando sobre o campo de rosas silvestres, ocasiões em que parava no ar horas e horas para apreciá-las – hora de beija-flor é diferente da nossa.

- Lembra Beija-flor aquele dia que você “mergulhava” no ar para chamar atenção das fêmeas?
- Claro que lembro! Disse o Beija-flor.

Beija-flor tinha uma missão. Não a recebeu de ninguém. O chamado vinha de dentro. Ele sabia que era responsável pela floresta. Dela recebeu tanta alegria, era sua vez de retribuir. Em seus olhos derramavam lágrimas. Lágrimas de tristezas.
– O Beija-flor tem coração, pequeno, mas tem. Embora beije flor,  era apaixonado por toda a floresta.

Que coisa terrível estava acontecendo! Foram os ‘bicho-gente’ que botaram o fogo na mata, isso tudo por seus ideais capitalistas. Mas o Beija-flor (a partir de agora chamado de Beija) tinha um ideal maior. Por acreditar fielmente, não parava um segundo.

Claro que nessa ‘altura do campeonato’ sua atitude chamou a atenção da bicharada. Esses que corriam, pararam e se puseram a observá-lo.

Os comentários surgiram.
Uns críticos:
- Que ridículo. Só está querendo aparecer.
Outros:
- Porque ele não desiste? Não está vendo que nunca apagará o fogo?
Alguns o admiravam:
- Um dia quero ser igual ao Beija-flor.

Claro que Beija nem prestou atenção nesses comentários. Tinha um fogo para apagar. Não poderia perder tempo. Beija(va) a água e cuspia no fogo. Beija(va) a esperança. Beija(va) a vida. Não se pode perder tempo com debates e nem para provar a necessidade de se apagar o fogo. Ele estava lá. Não precisava fazer muita força para vê-lo.

Mas os animais como viram que o beija-flor não prestava atenção em suas papagaiadas, começaram a discutir entre si: - Devemos ou não ajudar o Beija-flor?


Nesse instante surgiram alguns partidos. Tinha de tudo. Os que acreditavam que a chuva cedo ou mais tarde cairia; aqueles outros que diziam “Tem coisas mais importantes do que isso, por exemplo, salvar nossas peles” e por último, os que crêem poder apagar o fogo (O problema é como?).  Assim dentro desse grupo surgiram vários subgrupos.

Às vezes as coisas são tão simples, mas como os animais gostavam de complicar! O fogo disseminava. Beija-flor trabalhava intensamente. Os animais discutiam. E as horas? Elas passavam – Lembra que hora de bicho é diferente da de gente!?

Até que houve uma queda nessa rotina na mata. O Beija-flor não voltou. Mas o fogo continuou e a discussão prosseguiu. E Isso continua até os dias de hoje.

Breno Alonso


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