Estes dias estamos assistindo o desenrolar de fatos que indicam
que de maneira geral ativistas de qualquer vertente e a igreja
triunfalista não estão
preparados para viver em um estado democrático. Só vejo idiotice e beligêrancia
estúpida de ambos os lados. Nos últimos lances do embate sobre a presidência da
Comissão dos Direitos Humanos e das Minorias entre os ativistas gays e o Pr.
Marco Feliciano mostram que tanto um como outro não apresentam legitimidade
para representar quem dizem defender.
Contrariamente a idéia predominante entre os religiosos cristãos,
os ativistas gays não expressam a pluralidade de percepções do pensamento da
população gay e a maioria dos telepregadores como Marco Feliciano não são
porta-vozes da Igreja de Cristo na terra. Esta não precisa de vozes, nem quem a
porte, ela se manifesta na humanidade através dos sinais do reino dos Céus
entre os homens que ela promove através de iniciativas individuais ou mais
raramente, coletivas.
Quando eu era "evangéilico" eu cantava o hino "Vencendo vem
Jesus" com aquela esperança inocentemente piegas de ver o Brasil
todo "evangélico". Hoje, ao ver o exemplo desses senhores quando
estão no exercício do poder temporal oro para que Deus nos livre disso.
Precisei romper com a estrutura "evangélica" para ver que Jesus vem
vencendo com Sua igreja somente quando a sua lei maior - a do Amor- é praticado
entre TODOS os homens, sem pudor algum. Praticando o Ágape desavergonhadamente!
O ataque feito ao Marco Feliciano em um culto é totalmente
repudiável, por maior que seja a divergência entre os lados. Talvez a única lição
desse episódio lamentável seja para que os “evangélicos” sintam na pele a mesma
indignação daqueles a quem desrespeitam, quando levados por uma ousadia carnal,
invadem terreiros e destroem os símbolos sagrados dos praticantes de uma
religiosidade diferente da deles. Da mesma maneira que se sentem ultrajados, os
adeptos de outras profissões de fé também se sentem assim. É algo inerente a
qualquer ser humano.
No fim das contas, a “igreja evangélica triunfalista”
está colhendo o resultado de anos de “evangelização” sem amor verdadeiro às
almas e sem consciência do alcance da transformação do evangelho... das
evangelizações por “ordenança” e não por genuinidade na motivação... do
adestramento teológico e doutrinário e não da revelação sobrenatural da Verdade
... da adesão à uma fé e não conversão com arrependimento... sobre a de sua
impetuosidade beligerante e desrespeitosa em vez da cordialidade e do andar em
paz com todos... pois é, o “evangelismo de resultados” deu tão certo, que agora
a fórmula é copiada pelos ativistas gays, ateus, agnósticos e tantos outros que
“vão para o inferno”, pois estes “não tem mais jeito”, pois a
"verdade" está com eles...
Agora estão utilizando o desculpa de ser “perseguição” ao
Evangelho. Estratégia velha e manjada para jogar o ônus dos desatinos pessoais
de seus líderes para as costas do povo da igreja, utilizada por líderes de
igreja televisivos quando alguma coisa dá errado no planejamento deles.
Parafraseando um jargão evangélico pentecostal “é mentira do diabooooo”...
Quem pratica o Evangelho padece de outro tipo de perseguição que
não é pelas suas posições morais e éticas publicamente conhecidas ou por
questões de consciência.
Se isso que alegam é "perseguição", não é o tipo de
perseguição que a bíblia narra que os discípulos de Jesus sofreriam por
Segui-lO. A perseguição a ponto de matar seria de outra vertente que não a
imposição à sociedade de um ideário moral supostamente bíblico em sua
composição e sim, que o amor impregnado na vida de cada discípulo andando em meio
a humanidade, transbordasse de tal maneira que a simples presença destes seres,
embaixadores do Reino Celestial em um mundo corrompido, provocará o profundo
constrangimento aos homens de prosseguir pecando contra si e contra o próximo
na busca de satisfação de seu ego. Então pela condição da insuportabilidade de
conviver-se com gente tão cheia de Deus, constrangendo-os a não mais pecarem em
sua presença, não haverá outra saída a não ser matá-los para pecarem “em
paz”... sufocando o amor que embora os constranja em sua carnalidade também é o
livramento do mal que são para si e do pecado que lhes aflige, ao perceberem em
suas almas que lhes é necessário responder a tão grande Amor, sem que palavra
alguma de condenação sejam-lhes dirigida. Afinal, não foi assim que Jesus agiu
sempre, de acordo com os relatos dos Evangelhos? E Ele não é nosso modelo,
nosso alvo?
Não me parece que a “igreja” tenha chegado a tal status de
santidade e rendição ao amor divino. Vejo, com alegria, exemplos desse
aprofundamento de Cristo na vida de uma porção de irmãos e irmãs na fé. Então
que se encontrem os motivos dessa “perseguição”!
Entendo que essa "PERSEGUIÇÃO" é o resultado de anos de
uma igreja submissa não à Deus, mas à um espírito beligerante e proselitista
(comum no protestantismo em geral), de posições equivocadas e parciais
supostamente bíblicas, de radicalismo biblicista calcado só na letra e no
devaneio dos contadores/pregadores de fábulas de velhas caducas e não no
Espírito que A inspirou... nada a ver com a temperança, com a moderação e a
justificativa sobrenaturalmente convincente da razão de nossa esperança... hoje
aqueles que passaram por esta lambança religiosa toda e ainda preservam um
mínimo de consciência sobre o Evangelho percebem que deveriam ter se colocado
de maneira mais firme contra o processo de sincretismo religioso das primeiras
igrejas neopentecostais e aos ventos das doutrinas heréticas importadas
especialmente dos EUA, lá nos anos 1990... agora precisam fazer de tudo para
"descolar" sua imagem daqueles que há muito vem pervertendo o
Evangelho, substituindo-o pela feitiçaria gospel e um projeto de poder
talibanesco.
A despeito das forças veladas por trás da mídia, as últimas
semanas tem apresentado uma versão bizarra da realidade (condenados assumindo
mandatos, investigado dirigindo casa legislativa, líder de igreja renunciando
ao cargo secularmente vitalício, mandatário morto em caixão de vidro para
adoração pública, diminuições de preço para "inglês ver", truques
contábeis para arrumar as contas do país...) , assim como nos desenhos dos
"Super-Amigos", que haviam duas realidades: uma em que os heróis eram
gente do bem e outra onde eles eram do "mau"... bizarros... hoje me
sinto em um mundo bizarro de desenho animado... surreal como um quadro de Salvador
Dali... aqueles que avocam serem os "homens de Deus" se comportando
como "Tiões-Gavião" e os "inimigos da igreja" se
comportando com muita freqüencia como o bom samaritano... uma história que nem
João Grilo acreditaria se fosse contada , nem Chicó saberia dizer se foi assim
mesmo... para entender o que digo, clique aqui, aqui e aqui .
Se há de se marcar a diferença entre “aquele que serve e aquele
que não serve à Deus”, conforme os evangélicos gostam tanto de demonstrar em
suas performances de teatralidade espiritual, então é chegada a hora dos
verdadeiros adoradores O adorarem em espírito e verdade... adorando-O, amando
verdadeiramente ao próximo como a si mesmo... tolerando as fraquezas do outro,
pois todos somos fracos em algum ponto... ajudando e sendo ajudado a crescer na
caminhada com o Mestre... estamos todos carregando os desdobramento de nossas
escolhas equivocadas, de nossa parcialidade e ambiguidade... por isso repartir
nossas cargas uns com os outros as deixa mais fácil de carregar... e é só em um
ambiente de Graça divina que essas questões se equacionam e o ser encontra a
pacificação de suas contradições.
É momento de gerar ambientes de Graça, da mesma Graça que fomos
alvo um dia em Deus, para acolhimento de todos... isso é ser Igreja... de
proporcionar oportunidades de mudança de vida pelo arrependimento frente a
constante internalização pessoal da Palavra e do Amor divinos... de ajudar a
conduzir os irmãos do conhecimento meramente intelectual de Jesus para uma
experiência de vida com Ele...e se tivermos que ser beligerantes, que o sejamos
em um só aspecto: na anunciação de que em Cristo, Deus restaurou consigo o
homem!
Não falo nada de novo... só estou colocando 2ª Coríntios 5 em
minhas palavras.
Minha esperança e oração é que a igreja opte por ser percebida na
sociedade discretamente... como o sal dá sabor à comida mas não é possível
dissociá-lo um do outro.
Do mano Eli
Sanchez para o Genizah
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