Mudar o calendário, significa apenas alterar os dígitos
da expressão numérica do que para nós humanos é representação
do tempo cronológico e físico. Até festejamos, periodicamente esta
mudança cronológica, como um rito de passagem de nossa marcação
cíclica do Cronos e intervenção no espaço. O tempo é medido e
quantificável para nossa referência e incidência espaço-temporal.
O tempo de 2016 já não é mais real... foi enquanto na
contagem cíclica, um período de tempo e torna-se agora, um tempo
passado recente, um objeto verificável a partir dos fatos no
decorrente processo histórico. Este movimento cíclico, é
igualmente significativo, quanto necessário. Ter os marcos do tempo
em contagem e definição, deste modo, possibilita-nos ter a noção
da processualidade histórica do agir na temporalidade, e nos ajuda a
dimensionar o que já fizemos ou deixamos de realizar, frente aquilo
que ainda poderemos realizar, fazer e viver.
Embora, diga-se popularmente, que “o ano só começa
após as festividades de carnaval”, porém, é inquestionável a
constatação na expressão provocativa do compositor popular em sua
canção: “o tempo não para”. É fato que, não para mesmo! Quem
decidi parar diante da materialidade no Cronos histórico, estará,
inexoravelmente, em estado de alienação da realidade, sob o risco
do anacronismo mórbido e atrofiante, do ranço conservador
regressivo, da obsolescência estéril e da nostalgia paralisante,
apegada ao que já não é mais, à despeito do horizonte que nasce e
apresenta-se como novidade e possibilidades. Desta forma, o tempo
concreto é uma apreensão da concretude na realidade e materialidade
histórica, inerente ao ser social.
Temos por certo, que, a história não se repete, mas
nos auxilia, ensinando dos erros e acertos, como substância para a
construção do que virá a ser ocorrência histórica - o devir
cronológico da materialidade histórica e dialética. Este contínuo
movimento temporal, é uma possibilidade de re-começar. É um
momento propício e bastante oportuno que se apresenta diante de cada
uma e cada um de nós para o re-novar, re-pensar, re-significar,
re-fazer, re-inventar, resgatar, restaurar, re-conciliar, redimir,
re-unir, re-encontrar... Estamos em movimento no fluxo de um novo
ciclo: o tempo de 2017 já começou!
É o sábio escritor, autor do livro de Eclesiastes no
capítulo 3, quem faz uma asseveração precisa: “há tempo para
todo o propósito debaixo do sol”. Desta forma, ele faz uma lista
de “há tempo de...”, discorrendo a respeito dos ciclos que vão
e vem na dimensão do Cronos – tempo dos humanos.
O apostolo Paulo, conclama que não podemos ficar
conformados na deformada ordem que se manifesta na sociedade nesta
presente Era (aeon), mas que devemos metamorfosear pela renov-ação
da mente (Rm12). Também afirma que, o não entendimento do evangelho
pelos que seguem na perdição, “nos quais, o deus deste século
cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a
imagem de Deus” (II Co 4: 3-4).
Ainda nos ensina que precisamos estar preparados para o
enfrentamento contra as ciladas do diabo, revestindo-nos de toda a
armadura de Deus: “Porque não temos que lutar contra a carne e o
sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais
da maldade, nos lugares celestiais. (Ef. 6:11-12)”
Toda a relevância no entendimento destas informações,
está em que Paulo afirma que nós os discípulos de Jesus de Nazaré,
já temos a mente do Cristo eterno (I Co. 2:16). Portanto, o ensino
do evangelho na perspectiva paulina, está fundamentada na fé
conforme recebeu do próprio Jesus ressurreto. O sentido de
trans-mutação permanente do caráter e natureza existencial, a
partir do processo de chamamento de seguir a Jesus como o exemplo de
ser gente como gente deve ser – “E, se alguém está em Cristo é
nova criação; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram
novas” (II Co 5:17). Por isto mesmo, Paulo é insistente na
convocatória, sem autoproclamação: “sede meus imitadores, como
eu também sou de Cristo.” (I Co. 11.1)
Outras passagens, nos estimulam a prosseguir na jornada
da en-carnação de Cristo no discipulado: “Portanto
nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de
testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto
nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está
proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo
gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta,
e assentou-se à destra do trono de Deus”. (Hb 12: 1-2);
isto é, estamos em processo de “Cristificação” – em se
tornar cada vez mais parecido com o Jesus de Nazaré, no
espaço-tempo, na relação com Ele pelo discipulado quando em algum
momento nos convidou a jornada do “venha após mim e siga-me”,
“aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração”, e, deste
aprendizado para saber viver na vida e para a vida, nos incluindo na
realidade da prática a partir da experiência na comunidade do
aperfeiçoamento em amor, que somos nós a sua Igreja reunida, onde o
objetivo só é alcançado na relação de mutualidade “até que
todos cheguemos ao pleno conhecimento, a medida da estatura completa
de Cristo” – nossa glorificação é ser um Cristo eternamente.
E que tal, se aproveitarmos esta nova temporada (que
logo passará) e tomar algumas resoluções práticas para este tempo
cronológico que segue?
Que não
nos falte muita disposição, coragem e autodeterminação frente
aos novos desafios que virão. Sigamos confiantes na certeza em fé,
que podemos viver toda e qualquer situação, Nele, que nos
fortalece na plenitude e alegria do Espírito Santo. “Sei
estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e
em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter
fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.
Posso
todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Fp. 4:12-13);
Que
possamos prosseguir, crendo que todas as coisas, conjuntamente,
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. (Rm. 8:28);
Que
sigamos em crescer na graça e no conhecimento de Jesus, nosso bom
mestre, amigo e pastor. O Caminho do discípulo, que conduz a
Verdade e produz Vida em abundância!
Que
este novo tempo, seja uma boa temporada de comunhão, edificação,
unidade na diversidade, para vivermos de coração aberto no amor
fraternal. Passo a passo, ombro a ombro, caminhando juntas/os,
alegrando-se com quem se alegra e chorando com quem chora. Falando
sempre a verdade, se portando com sinceridade em amor uns para com
os outros, para que o mundo veja o amor de Cristo derramado em
nossos corações, Naquele que nos amou primeiro.
Que
este 2017, seja bastante proveitoso, no Movimento em movimento que
somos na experiência comunitária enquanto Estação do Caminho da
Graça em Campo Grande. Que vivamos momentos que propiciem dar
saltos de qualidade na consciência em fé, elevando o nosso viver e
existir a um maior significado de ser e viver.
Que o Eterno, em quem mil anos é como um dia, Ao que
Era, É e Há de ser eternamente, nos ajude a permanecer na
perseverança no aqui e agora, remindo o tempo, porquanto, os dias
são maus. Até que haja o Grande Dia da Redenção na História pelo
Cordeiro de Deus, o Alfa e Ômega – o Princípio e o Fim, pelos
séculos dos séculos!
Amém!
Há braços fraternos na caminhada, para juntas/os
caminharmos abraçados em amor,
Jorge William Bernardino
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