Mas agora é hora de informação sem acento. Porque agora é a hora da verdade na vida de muitos pequeninos e precisamos mais do que nunca de muito suporte.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
O fim do Exílio: operação Exodus iniciada!
quinta-feira, novembro 28, 2013 Posted by: Caminho em Big Field., 0 comments
Há dias não escrevo
nenhuma nova informação sobre os trabalhos no orfanato e procurei manter um
precavido silêncio acerca de lá, para muitos que estão acompanhando e dando
suporte às nossas ações, pois se encheriam de preocupação conosco.
Sim, saber de tudo o
que se passou seria apenas in-for-má-ação, com acento no á.
Mas agora é hora de informação sem acento. Porque agora é a hora da verdade na vida de muitos pequeninos e precisamos mais do que nunca de muito suporte.
O que se passa é que
no orfanato que mais se parecia com um Campo de Concentração continua ainda
sendo um Campo de refugiados. O Orfanato nos foi entregue à administração
no que se refere ao cuidado das crianças devido aos maus-tratos e o descaso do
antigo administrador, que fazia delas apenas modelos famintas de fotos para
arrecadar dinheiro fora do país e investir em si próprio, na construção de um
hotel e nas roupas caras e de grife européia para seus próprios filhos.
Apesar da
considerável melhora que os voluntários do Caminho-Nações promoveram em
diversas iniciativas, que mudaram o ambiente, proporcionaram alimentação
adequada, colocou meninos na escola, cuidou da saúde de muitos e muito mais, a
ingerência do ex-administrador no orfanato sob a nossa administração ficou
insuportável.
Sim, pois ele é um
homem corrupto que se autointitula Bispo e que quebrou o contrato em tudo o que
foi possível, além de ele próprio criar um “apartheid” com crianças que ele
considerava “mais bruxa que outras”, ameaçando-as e tentando fazer com que
nosso ambiente lá dentro fosse hostil, para que talvez, desistíssemos.
Mal sabia ele que
estamos aqui com a vida inteira à disposição de entregá-la toda para os
cuidados aos pequenos. Desistir não é uma palavra que entendemos muito bem.
O Bispo não investiu
em nada no orfanato com os milhões que caíram em sua conta a não ser num “templo”
que não é usado e num “Hotel” que está construindo à beira da estrada, isso
tudo, com muitas mentiras acerca de estupros e sequestros, tendo as crianças
como pano de fundo para a propaganda do descaso que ele mesmo promove.
As fotos tinham
endereço: Estados Unidos da América e Europa.
Muitas foram as
contribuições ao orfanato que, desviadas, chegavam ao hotel do Bispo através de
um “Caixa 2″.
A nossa ideia ao
saber disso tudo, seria em breve, conseguir outro espaço para as crianças, um
espaço sadio, onde pudéssemos dar à elas não apenas Direitos Animais, mas
humanos. Os direitos animais são aqueles que a maioria dos animais procuram
para a sobrevivência: água, comida e teto para se proteger das mudanças
climáticas e também a sua prole.
Direitos humanos é
uma outra conversa.
Tudo está ao
contrário, como cantou Cássia Eller, só que aqui, alguém reparou.
Viemos para salvar
crianças da estigmatização feita por pastores evangélicos ligados à Teologia da
Prosperidade.
Salvamos crianças do
descaso no lugar que deveria ser de cuidado e proteção.
Agora as salvaremos
de serem alvos da fúria e do descaso de um homem mal e assim, proporcionar-lhes
futuro. Só assim será possível. Longe de onde estão. Onde estão, por parte
dele, sofrem um abandono assistido.
Os americanos que
contribuíram financeiramente com o ex-administrador nos procurou pois viram que
havia outra administração no orfanato. Foi aí que relatamos tudo e eles
relataram quanto. E o “quanto” deixou-nos perplexos na mesma proporção que o
“tudo” deixou-os profundamente decepcionados.
Sabendo de tudo isso,
resolveram perguntar ao ex-administrador sobre as, até então, “possíveis
mentiras”. Vendo que a história de muitas mentiras era verdade, decidiram
cortar o investimento. Sobre isso, seria preciso um livro para explicar todas
as tramoias.
Aí o Bispo
enfurecido, pediu ao segurança que me expulsasse do orfanato, dizendo que não
queria me ver ali, que estava chamando a polícia e mais. O segurança me relatou
isso tudo, mas muito inseguro, com a minha insistência de continuar lá, me
pediu quase implorando que era hora de partir. Preocupadíssimo, pegando minha
bagagem e ligando para meio mundo, me tirou de lá naquilo que se pareceu uma
cena de fuga nos filmes de ação, com as crianças chorando, os vizinhos assustados,
os cães latindo e uma garoa que dificultava a caminhada pela estrada de terra.
Eu estava
completamente em paz. Mas o segurança estava alarmado com tudo aquilo. Depois
eu soube que as frases do Bispo não tinha sido exatamente um “vá embora, por
favor”, mas algo do tipo “se ficar, morre”.
Então, os amigos
nigerianos e a equipe não me permitiram voltar.
Fiquei exilado.
Fiquei numa casa,
escondidinho, proibido de ir à rua. Li todos os livros que trouxe em 3 dias. Na
segunda semana, sem energia, me concentrei em meditar, ouvir os pássaros e até
fazer exercícios no quarto para não ficar travado.
Mas minha alma
paulistana agitada me incomodou. Eu queria fazer alguma coisa, mas com receio
de fazer alguma coisa que colocasse tudo à perder, respeitei o “tempo” que a
equipe pediu para se organizar numa luta judicial e entender todo o processo,
priorizando o cuidado pelas crianças.
Assim decidi ficar
quieto, não reportar isso ainda, mas que iria para um hotelzinho onde teria o
mínimo de energia para eu usar a internet e tentar facilitar os processos
dentro e fora da Nigéria e também em mim.
Noites insones de
preocupação.
Tive mais pesadelos
nestas duas semanas do que tive a minha vida toda. Me passava pela cabeça o
risco dos pequenos, ainda mais depois que nossa diretora aqui recebeu um
telefonema anônimo que dizia sobre ameaças do Bispo à equipe.
Isso tudo para nos
amedrontar.
E então, foram dias
de muito trabalho fora do orfanato.
De raiva por não
estar lá, peguei todos os funcionários do hotelzinho de orelhada e falei tudo o
que pude no meu inglês furréca contra a bruxificação.
Fui visitar gente.
Ouvir, falar, ouvir, falar, escrever, ouvir, falar…
Os dias de exílio
foram se tornando mais produtíveis.
Aí o Fábio chegou
para me salvar do cansaço. O meu amigo me fez companhia e juntos falamos contra
a bruxificação para todos que encontramos. O Fábio é daqueles caras que não
perde a oportunidade de produzir o bem, apesar de nós, como ele sempre diz.
Visitamos vilarejos,
famílias, escolas, montamos uma cama elástica na nossa base em Oron e ele
cuidou com paciência e muita amizade do amigo que veio para cuidar.
Ficamos tristes por
não poder ir ao orfanato e ver as crianças que ele ama, por conhecer a
história, por ler, por ouvir sobre elas. Mas foi muito legal ter o Fabião aqui.
O Léo chegou hoje.
Juntos vamos começar a Operação Exodus, em alusão à retirada do povo do Egito.
Queremos tirar TODAS
as crianças das mãos deste homem e lutaremos na justiça por isso, com muita
documentação e toda a segurança, literalmente, nos acompanhando.
Agora é hora de
compartilhar. Pois mais do que nunca precisaremos de suporte. De investimentos,
de cuidados, de oração, de paciência, de saúde, de milagres e milagres e
milagres…
Se você se interessa
por esses pequenos, peço por favor, que seja parceiro nessa hora.
Não estamos aqui
interessados em mais nada que não seja dar vida a eles.
Sim, em abundância.
Esses contratempos, a
gente sempre soube que ia acontecer. Viemos para cá esperando todas as dores de
cabeça pela frente para que pudéssemos salvar os pequeninos do que quer que os
oprima. Agora chegou a hora.
O Faraó está nervoso
e temos um mar pela frente.
Queremos que o final
desta história também seja de libertação.
Gito Wendel
24 de Novembro de 2013 | Esit-Eket, Akwa Ibom. Nigéria
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