Não há necessidade de se re-formar aquilo que nasceu para não ter forma, mas apenas para ser como uma pequena semente, um bocado de fermento, um baile de coxos, aleijados, cegos, mancos, e mendigos da terra; entre outras imagens deixadas por Jesus a fim de designar o espírito da comunidade dos discípulos.
A Reforma, foi exatamente isto: uma Re-Forma!
Ou seja: deu-se outra forma, mas continuou a necessidade estética da forma; além de ter continuado também a necessidade estética de haver uma doutrina: o que também é forma; visto ser algo em que se pega como sistema; algo em nada diferente de um prédio ou uma árvore.
Não só houve uma re-forma, mas criou-se uma fôrma para a reforma; o que fez com ela passasse a ser o que ela não queria ser: uma fôrma.
A Igreja precisa se converter ao Reino, e virar apenas semente, sal, luz, fermento, e um ajuntamento de seres sem virtude própria, porém cobertos pelas "vestes nupciais" do Noivo (Mt 22).
Não precisamos de mais 95 teses. O que falta é uma coisa só: a fé na mensagem da Graça de Deus em Cristo.
E a Igreja só demonstrará que crê no Evangelho quando ela tiver a coragem de ser apenas a comunidade da Graça; e o lugar onde todos os homens—maus e bons—podem sentar e ouvir a Palavra.
Quando falo de “lugar”, falo não de um lugar; mas de um lugar-caminho.
A Igreja tem que ser lugar-caminho de misericórdia. Ela tem que ser mais que as Cidades de Refúgio do Velho Testamento. E hoje ela é o oposto das próprias cidades de Refúgio.
Todavia, tal fé acabaria com tudo o que existe; por isso, eu não creio numa reforma; mas sim no fato de que duas coisas acontecerão: 1) Muitos grupos cristãos serão profundamente visitados pela Consciência da Graça, e a experimentarão nas formas que hoje existem, porém com leveza e misericórdia, sem culto à forma; 2) Milhares de pequenos grupos começarão a se reunir no mundo todo; e cada um deles terá a forma do momento; isto a fim de poderem ser apenas essa poderosa força sutil do Reino, e cuja principal característica é a dissolvência na massa da terra.
O sal tem que desaparecer a fim de poder dar gosto. Jesus disse que o sal no sal, vira monturo; e, assim, para nada mais presta senão para ser pisado pelos homens—conforme vemos na história.
O fato é que quando o Evangelho começar a ser pregado, acontecerá uma revolução: Aqueles que hoje se assentam para ouvir o discurso da igreja, não suportarão o Evangelho; e os que hoje não suportam os discurso da religião, se assentarão para ouvir o Evangelho.
Bem, eu poderia escrever para sempre... mas por hoje... vou ficando por aqui.
E não se preocupe: O Espírito Santo cuida da Igreja. Ele fará o que tiver que ser...
Nele, em Quem somos Igreja em processo de cura e vida,
Caio
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